Tal palavra deveria ser colocada em voga em qualquer projeto que fizéssemos, afinal de contas, o projeto, plano ou tudo que está porvir só se alcança se continuarmos buscando tal objetivo. Percebemos que a cada principio de ano, as esperanças são renovadas com a criação de novos planos, com a tentativa de se alcançar novas metas. Infelizmente isso leva pessoas à simplesmente desistirem daquilo que haviam planejado um ano antes. Devemos nos lembrar que a concretização de um sonho depende da nossa vontade em continuar tentando, pois, é salutar a mudança diária, mas a mudança não significa necessariamente desistência. Continuar é uma boa definição ou até mesmo sinônimo de perseverar, a continuação da vida, por exemplo, não é um ato estático, mas sim extático. A perseverança é algo admirável, não algo imóvel. A admiração conseqüentemente produzirá a força necessária para que o continuar ande. A velocidade disso só depende do tanto que contemplamos a beleza do que foi proposto por nós mesmos. Didaticamente falando podemos definir a perseverança como a firmeza ou constância num sentimento, numa resolução, num trabalho, apesar das dificuldades e dos incômodos. Para a teologia, a perseverança é uma virtude conexa com a da fortaleza; fortifica a vontade contra o temor de males iminentes e as dificuldades que provêm de um longo exercício da virtude. De modo geral podemos afirmar que a perseverança compreende a continuidade nos esforços feitos na mesma linha, sem o qual o empreendimento humano está fadado à esterilidade. Quando observamos que muitos planos não se concretizam é porque o poder de realização não correspondeu à faculdade de concepção. À perseverança é colocada a um sinônimo: constância. Algo que não somente se aplica a planos, projetos, mas que deve ser colocado em prática no nosso caráter e personalidade. Há de tal forma, uma íntima ligação entre perseverança e outra palavra bem conjeturada para o momento: esperança. O famoso ditado desencorajador diz ser essa virtude que por último morre. Ao acreditarmos nisso podemos desde já ficarmos tristes, pois a alegria e a força para que ela prossiga está no desejo daquilo que é eterno. Mas para que haja perseverança deve haver também a concentração, ou seja, focalizar nossa atenção sobre um único ponto e partir ao seu encalço, pois pluribus intentus, minor fit ad singula sensus: olhando muitas coisas ao mesmo tempo, prestamos menos atenção a cada uma em particular. Mons. d’Hulst dizia: “Ao lado da perseverança que jamais tomba há aquela que se levanta sempre”. Quer dizer, se mantivermos a nossa atenção voltada para os nossos próprios objetivos da vida, não faremos conta do fracasso ou do êxito, pois estaremos apenas compenetrados do dever que nos foi reservado. Conta-se que, Goethe, ruminou durante trinta anos a concepção do Fausto. Nesse período, a obra foi germinando, criando raízes para, finalmente, vir à luz. Assim, é forçoso que não percamos o nosso bom humor se aquilo que almejamos não está se tornando real. Para tanto, há diversas frases de consolo e estímulo: “Deus está com os que perseveram”; “Aquele que perseverar até o fim, será salvo”; “Não interessa o que se trata de levar a termo: o que importa é perseverar até o fim”; “Somos precipitados, quando dizemos que a natureza nos negou isso ou aquilo. Um pouco mais de constância, e o resultado será oposto”; “Todas as estradas da vida têm os seus espinhos. Se entrares numa delas, prossegue, porque retroceder é covardia”; “Poucas são as coisas por si próprias impossíveis; e o que freqüentemente nos falta não são os meios para obtê-las, é a constância”. Mas existem alguns obstáculos para a perseverança, estes são:
- 1º) Rotina – É o principal obstáculo. Uma ruptura do automatismo, por insignificante que seja, abre um caminho. Liberta o pensamento e tonifica o psiquismo superior. Importante é detectar os automatismos que alimentam a nossa inércia.
- 2º) Desânimo – É a grande arma dos Espíritos das trevas, porque ela quebra a faculdade mestra, que é a chave do homem, ou seja, a vontade. A preguiça moral, o gosto da comodidade e a instabilidade do humor são outros tantos fatores do desânimo.
- 3º) Medo da mudança – Todo o esforço desacostumado é penoso e por isso dá nascimento a uma idéia de incapacidade de avançar. Após muitos automatismos guardados em nosso subconsciente, ficamos paralisados e não nos pomos em marcha para o novo, para o que possa nos trazer algum progresso de nossa alma. (Courberive, 1960) Contudo se queremos alcançar algum objetivo ou sonho, podemos afirmar que, a verdadeira vontade não é desejo, é autodeterminação refletida. Preferimos vegetar numa mediocridade aceita, a elevar-nos a uma situação melhor à custa de trabalhos metódicos e perseverantes. Para muitos seres humanos, a felicidade consiste na lei do menor esforço, na rotina e no torpor. Isso equivale a matar a vida interior, porque, para estar vivo, o espírito deve sempre se renovar por um trabalho contínuo.
Que neste ano, a perseverança, constância, esperança e tentativa sejam palavras vívidas no nosso modo de ser para que possam refletir no nosso modo de agir.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA COUBERIVE, J. de. O Domínio de Si Mesmo. Tradução de M. Cecília de M. Duprat. 2.ed., São Paulo: Paulinas, 1960 PERSEVERANÇA. Disponível em: http: // http://www.jesusvoltara.com.br / info / perseveranca .htm. Acesso em 12 de janeiro de 2009. PERSEVERANÇA. Disponível em http: // http://www.ceismael.com.br / artigo/artigo113.htm. Acesso em 12 de janeiro de 2009. KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995. XAVIER, F. C. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977